domingo, 17 de fevereiro de 2013

Cinzas do vício - Humberto Werneck

Humberto Werneck - O Estado de S.Paulo 
 
Ameacei contar, dois domingos atrás, como foi que cortei, sem um pingo de heroísmo, meus três maços diários de cigarro, no remoto ano 81 do século 20. Mas tiene muchas ramas el árbol de mi conversación (esta é do Pablo Neruda), tantas que, desgarrado, acabei não desembuchando um episódio que pode ser assim resumido: parei de fumar porque fumei demais. Enjoei. Nos últimos tempos, acendia um cigarro sem ver que outro ardia no cinzeiro. Como esses amores vencidos que por inércia vão remanescendo, aquilo já não tinha gosto. De manhã, adiava o instante de acender o primeiro, por conhecer de sobra o mal-estar que me traria; a vontade era começar pelo segundo. 
 

Um comentário:

  1. E para conhecer melhor o projeto The Last Cigarette Portraits, que o cronista menciona, o leitor poderá visitar a página www.facebook.com/the.last.cigarette.portraits.

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