sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

DAVID COIMBRA - Eles eram filhos

Desta vez, me pegou. Já vi coisa feia nessa profissão. Já fui repórter de polícia, já fui repórter de todas as editorias, testemunhei acidentes com mutilações graves e tumultos sangrentos, violências e exumações, revolta e dor. Vi a miséria humana. Mas, agora, essa tragédia de Santa Maria me abalou. Não por causa das cenas horrendas dos corpos no chão do ginásio, naquele momento em que caminhei pelas sombras do vale da morte. Não. Isso foi chocante, claro que sim, mas não foi o que me ficou no peito. O que me matou por dentro é que ali todos eram filhos.

Filhos.

Uma pessoa, quando ganha um filho, deixa um pouco de ser, ela mesma, filha. Sua condição muda. Agora ela não é mais apenas receptora, é também doadora de amor.

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