A
combinação dos dois filmes, que tratam de maneiras muito diferentes da
mesma coisa, parece dizer em linguagem cifrada e óbvia de carta
enigmática: um negro na Casa Branca
Que “Django livre”, de Tarantino, e “Lincoln”, de Spielberg, estejam
ao mesmo tempo em cartaz deve ser uma dessas coincidências sintomáticas
em que, por obra do acaso objetivo, uma questão ao mesmo tempo muito
atual e muito antiga vem à tona. A questão atual é a polarização da
sociedade norte-americana, que a divide e paralisa em impasses políticos
agudos. A questão antiga é o correspondente histórico dessa polarização
e seus fantasmas: a escravidão e a Guerra Civil, que se ligam na origem
e no fim (acabar com a guerra acabando com a escravidão, diz o filme de
Spielberg, foi uma obra de manipulação política, pura e suja, suja e
pura, de Lincoln). A combinação dos dois filmes, que tratam de maneiras
muito diferentes da mesma coisa, parece dizer em linguagem cifrada e
óbvia de carta enigmática: um negro na Casa Branca.
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