Nutro a convicção, partilhada por outros analistas, de que a crise sistêmica atual nos deixará como legado e desafio a urgência de repensar a nossa relação para com a Terra e os modos de produção e consumo, de reinventar uma forma de governança global e uma convivência que inclua a todos na única e mesma casa comum - o planeta. Para isso é forçoso rever conceitos que possam nos apontar um novo norte. Boa parte da crise atual deriva de premissas falsas.
O primeiro conceito a rever é o de desenvolvimento. Na prática, ele se identifica com o crescimento material expresso pelo PIB. Sua dinâmica é ser o maior possível, o que implica a exploração desapiedada da natureza e a geração de grandes desigualdades nacionais e mundiais. Importa abandonar essa compreensão quantitativa e assumir a qualitativa de desenvolvimento, bem-definido pelo prêmio Nobel Amartya Sen como o "processo de expansão das liberdades substantivas", vale dizer, a ampliação das oportunidades de modelar a própria vida e dar-lhe um sentido que valha a pena. O crescimento é imprescindível, pois é da lógica de todo ser vivo, mas só é bom a partir das interdependências das redes da vida que garantem a biodiversidade. Em vez de crescimento/desenvolvimento, deveríamos pensar numa redistribuição do que já foi acumulado.
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