Godard
disse, numa entrevista pouco feliz, que você pode amar pessoas que
gostem de livros ou músicas, quadros ou edifícios diferentes daqueles de
que você próprio gosta, mas que é impossível amar alguém que gosta de
filmes que você desaprova
Nunca recebi tantos comentários de leitores desta coluna (pelo visto
são mais do que 17) como quando saiu o artigo em que falei do
“Redemoinho”, o vídeo doméstico que me pareceu maravilhoso no YouTube.
De um desembargador que eu não conheço a um diretor de filmes
experimentais de quem sou amigo, recebi, através do GLOBO ou diretamente
em meu box de e-mail, várias observações (quase todas desaprovando meu
entusiasmo). Uma amiga queridíssima me disse (não usando essas palavras)
que toda aquela beleza estava em meus olhos. Um amigo não menos querido
(e unido a ela) reconhecia (com minúcias de observação pictórica que eu
próprio não cheguei a ressaltar) muitas das virtudes a que eu me
referira, mas deixando
claro
que o meu texto é que o tinha levado a chegar a valorizar coisas que o
vídeo por si só não teria a força de impor (isso num tom semelhante ao
da sua companheira, em que um “ah, Caetano…” parecia me alertar para o
fato de que eu viajara demais num vídeo sem tanta substância). Esse
amigo é muito inteligente e muito articulado, de modo que conseguiu
escrever elogios ao filmeco que eram até mais bem desenvolvidos do que
os meus — ao mesmo tempo em que quase me repreendia por ter
supervalorizado algo que poderia passar despercebido.
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