Após os dias tórridos da passagem do ano, São Paulo tornou-se mais
amena. As férias escolares, o trânsito menos atormentado, os cinemas
mais vazios e a temperatura agradável convidavam ao lazer. Assisti a um
filme admirável, Amour, no qual dois atores, Emmanuelle Riva e
Jean-Louis Trintignant, dirigidos por Michael Haneke, desenvolvem a
trama do relacionamento de um casal de velhos músicos que leva uma vida
confortável para os padrões europeus, embora sem serviços domésticos e
isolado dos familiares. Além do mais, contratempos na velhice podem ser
sofridos. O derrame da senhora não abala a ternura do marido. Mas o
cotidiano é duro: ela tem de ir ao banheiro carregada, o marido tem de
lhe dar de comer na boca, etc. Diante da piora da saúde da mãe a filha
tem dificuldades para entender e lidar com a situação, denotando mais
angústia do que afeição e, quiçá, alguma preocupação material com o que
possa sobrar. O genro é insuportável e os netos nem aparecem. Resultado:
os dois velhos vão se consumindo num mundo que é só deles, entre boas
recordações e desespero, até um derradeiro gesto de amor.
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