quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Uma nova Europa? - MARCO LUCCHESI

A renúncia papal e as mudanças na Europa exigem uma estética da paciência e uma nova ética da governança

Ouço em Budapeste, e não somente aqui onde me encontro, uma exaltação quase febril pelos profetas que cantaram os últimos dias da Europa. Dentre todos, “A decandência do ocidente”, de Oswald Spengler, lembra um cartório abandonado e coberto de poeira, onde se guarda, nas prateleiras apocalipticas, o certificado de óbito da comunidade europeia, o fim do novo e derradeiro império romano, abatido e cansado, vítima de uma crise de identidade sem precedentes. Como se houvesse uma Roma simbólica, duplamente vazia, nos dias que correm, onde César e o Papa suspiram em estado terminal, habitados pelo silêncio, pela falta de perspectiva. Eis a leitura dos europessimistas, prevendo forças centrífugas, desintegradoras, diante das quais não há quantidade suficiente de paz romana para defender a Europa de seus inimigos e com idêntico vigor.

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