A renúncia papal e as mudanças na Europa exigem uma estética da paciência e uma nova ética da governança
Ouço em Budapeste, e não somente aqui onde me encontro, uma exaltação
quase febril pelos profetas que cantaram os últimos dias da Europa.
Dentre todos, “A decandência do ocidente”, de Oswald Spengler, lembra um
cartório abandonado e coberto de poeira, onde se guarda, nas
prateleiras apocalipticas, o certificado de óbito da comunidade
europeia, o fim do novo e derradeiro império romano, abatido e cansado,
vítima de uma crise de identidade sem precedentes. Como se houvesse uma
Roma simbólica, duplamente vazia, nos dias que correm, onde César e o
Papa suspiram em estado terminal, habitados pelo silêncio, pela falta de
perspectiva. Eis a leitura dos europessimistas, prevendo forças
centrífugas, desintegradoras, diante das quais não há quantidade
suficiente de paz romana para defender a Europa de seus inimigos e com
idêntico vigor.
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