quarta-feira, 6 de março de 2013

Entrevistas - Francisco Bosco

Certa vez participei de uma mesa em torno do lançamento de um livro de meu amigo Alberto Pucheu. Ele contou que relera alguns de seus livros e chegara à conclusão de que o núcleo de identidade que os atravessava não estava tanto nas ideias quanto no modo de escrever, na cadência da frase, na sintaxe: “Eu sou um ritmo”, ele concluiu. Essa cena me veio à cabeça porque reli hoje (à procura de uma informação que julgava estar lá) uma entrevista que concedi há alguns anos. O entrevistador gravou a conversa, mas, para minha perplexidade (e decepção e indignação), quando li o resultado final, depois das intervenções dele, não me reconheci no texto: as ideias estavam adulteradas por paráfrases desajeitadas e meu ritmo tinha uma cadência tão graciosa quanto a de um desses bailarinos do Bolshoi quando vão sambar na Mangueira. Diante daquele espelho, me senti como Cristo se sentiria vendo a restauração de seu retrato feito pela tal senhora espanhola, que virou hit mundial.

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