Estado de Minas - 22/03/2013
A perigo de dançar na troca de cadeiras de Dilma, o ministro do
Turismo, Gastão Vieira, publicou artigo nos jornais anunciando seu
grande projeto: recadastrar todos os hotéis do Brasil e classificá-los
com estrelas. A justificativa é que o turista paga um hotel de tantas
estrelas, mas chega aqui e se decepciona.
Bem, isso era no século passado, hoje ninguém faz uma reserva sem
antes ver fotos e vídeos nos sites dos hotéis, ler as críticas dos
hóspedes e avaliar preços, serviços e quartos. Ninguém liga mais para
estrelas, ministro.
Propaganda enganosa, ciladas e otários sempre vão existir, mas para
isso existe o Procon. Para o ministro, a atual classificação por
estrelas dos hotéis "provocou constrangimentos durante dez anos e perda
de confiança na hotelaria brasileira". As estrelas, não os péssimos
serviços e preços abusivos.
Então, com dez anos de atraso, anunciou o SBClass - Sistema
Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem, o bolsa-estrela.
Para quê? Basta os hotéis manterem seus sites atualizados - o que todos
já fazem, como marketing: hoje são os consumidores que dão as estrelas.
O projeto estelar oficial fez viagens e oficinas, pesquisas em 24
países, seis cursos de capacitação e 26 avaliações-piloto, contratou 300
especialistas. Mas o ministro estranha que só 30 dos 6.260 hotéis
brasileiros tenham se interessado no SBClass. Por que será?
Imaginem quanto vai nos custar esse plano genial, tão atrasado quanto
inútil? E, como sempre no Brasil, alguns vão querer uma estrela a mais
na camaradagem, ou coisa pior, para enganar os otários.
Falando em estrelas, o Movimento Cinco Estrelas, do comediante Beppe
Grillo, que conquistou 25% dos votos na Itália e elegeu 166
parlamentares, divulgou suas contas de campanha: arrecadou 570 mil (R$
1,5 milhão) com cerca de 15 mil doações individuais e média de 40 per
capita.
Quase tudo foi gasto na montagem de palcos, som e luz dos comícios,
as sobras da campanha vão ser doadas às vítimas do terremoto na Emilia.
Quem precisa de empresas ou financiamento público quando tem novas
propostas e a internet?
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