Luis Fernando Verissimo
Numa recente
London Review of Books o escritor irlandês
Colm Toíbín desenvolve uma tese instigante sobre três autores, Fernando
Pessoa, Jorge Luis Borges e Flann O'Brien, este último um contemporâneo
de James Joyce que passou a vida inteira ao mesmo tempo venerando e
cutucando o autor de Ulysses. Os três são de cidades - Lisboa, Buenos
Aires e Dublin - situadas à margem da literatura mundial, cidades que
Toíbín descreve como desertos culturais, em contraste com os centros de
criação da sua época como Paris e Londres. É estranho Toíbín dizer isto
sobre a Irlanda, que, além de Joyce, produziu Beckett, Shaw, Swift,
Yeats, etc. e mais prêmios Nobel de Literatura por metro quadrado do que
qualquer outro país do mundo. Mas a criação na Irlanda, de um jeito ou
de outro, sempre foi um reflexo do domínio inglês, tanto da sua política
quanto da sua cultura, e os premiados irlandeses foram todos fazer sua
reputação e ganhar sua vida em Londres enquanto Dublin ficava como a
capital da memória, como disse Lawrence Durrell de Alexandria, um lugar
para ser evocado no exílio mais do que habitado.
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